Manutenção na área da Biblioteca e do Mapa Interativo do site

Prezadas/es/os internautas, O site do Observatório BR-319 está passando por manutenção na área de acesso à Biblioteca e nos dados de desmatamento de 2022 no Mapa Interativo, situação que deve ser normalizada ainda este mês. Assim, o acesso aos conteúdos da Biblioteca pode ser feito pelos seguintes caminhos: Artigos científicos: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/artigos-cientificos/ Atas do Fórum da BR-319: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/atas-forum-br-319/ Documentos oficiais: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/documentos-oficiais/ Informativos Observatório BR-319: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/informativos-obr-319/ Notas de posicionamento: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/notas-de-posicionamento/ Planos de gestão territorial e ambiental: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/planos-de-gestao-territorial-e-ambiental/ Planos de gestão e manejo: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/planos-de-gestao-manejo/ Publicações técnicas: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/publicacoes-tecnicas/ Publicações técnicas do Observatório BR-319: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/publicacoes-do-obr-319/ Materiais educativos: https://observatoriobr319.org.br/biblioteca/material-educativo/ Todas as demais áreas do site estão funcionando normalmente. Para qualquer dúvida, comentário, sugestão, esclarecimento e recebimento das nossas publicações, entre em contato através do e-mail [email protected] ou WhatsApp +55 92 8197-0012.

Terras caídas: o que é e por que acontece? 

Na noite do dia 30 de setembro, a comunidade Nossa Senhora de Nazaré, na Vila do Arumã, localizada na margem direita do rio Purus na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, em Beruri, foi engolida pelas águas causando duas mortes, deixando três desaparecidos, além de afetar 151 pessoas. A tragédia foi provocada pelas terras caídas, um fator natural, agravado, neste caso, pela ação humana. Foram soterradas 44 casas, três igrejas, uma Unidade Básica de Saúde, uma escola, um centro comunitário e dois poços tubulares; 14 flutuantes também foram danificados por ondas que chegaram a cinco metros de altura.   Em 2014, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) já tinha havia identificado o risco e alertado as autoridades locais. Ainda de acordo com o SGB, pelo menos 29 mil pessoas no Amazonas vivem em locais sujeitos a desbarrancamentos provocados pelo fenômeno das terras caídas, nome popular e regional dado ao processo de erosão natural das margens dos grandes rios na Amazônia, que ocorre devido a energia e a velocidade da correnteza das águas, que acabam solapando a base dos barrancos.  Geralmente, isso acontece em terrenos de várzea, quando sedimentos carregados pelas águas formam barrancos a cada período de cheia. À medida que o rio desce na vazante, os barrancos ficam expostos, às vezes com uma altura de 10 a 15 metros, e com a ação da própria gravidade, eles entram em colapso e desmoronam.  Evitar o fenômeno das terras caídas em comunidades ribeirinhas do interior do Amazonas envolveria obras de altíssimo custo e de baixa sustentabilidade. O ideal seria tentar prevenir quando as terras caídas vão se desencadear, prevendo como a erosão do rio vai acontecer. Como os rios da Amazônia são cursos d’água longos e que abrangem grandes extensões territoriais, isso seria um trabalho minucioso que tem que ser feito primeiro em comunidades ribeirinhas, mais distantes das sedes municipais e mais vulneráveis, e depois nas sedes municipais. O SGB tem a previsão de iniciar um projeto de monitoramento e prevenção em 2024, no rio Purus, entre os municípios de Anamã e Manacapuru. Enquanto isso, é importante que o poder público esteja atento e preparado para dar assistência a moradores de locais de risco afim de evitar perdas e danos à população.  Com informações do pesquisador em Geociência do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marco Antônio Oliveira. 

Regatão do Bem leva solidariedade a municípios afetados pela seca 

A pior seca da história do Amazonas colocou os 62 municípios do estado em situação de emergência devido à dificuldade de acesso, à insegurança alimentar da população e às consequências causadas na fauna e flora. Segundo a Defesa Civil do Amazonas, a situação atinge diretamente mais de 600 mil pessoas. Devido a este cenário, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) retomou a campanha Regatão do Bem, em parceria com o projeto Asas da Esperança, do Greenpeace Brasil, para levar solidariedade a comunidades afetadas pela vazante histórica.  Por meio da doação captada junto à Fundação Banco do Brasil, de recursos voltados à ajuda humanitária, será possível atender, nesta etapa inicial, territórios em Lábrea, Tapauá, Carauari e Manicoré. Entregas já foram realizadas em Tefé e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, onde 1.161 famílias, um número de 4.644 pessoas, foram contempladas. No dia 26, 400 cestas foram direcionadas para Manicoré, município dentro da área de influência direta da BR-319. O montante é equivalente a sete toneladas de alimentos. O Idesam monitora, em parceria com as organizações sociais comunitárias, a situação dessas comunidades no interior.  “O Idesam, enquanto organização da sociedade civil, se coloca à serviço para mobilizar ajuda para as populações tradicionais da Amazônia, esses que são os verdadeiros guardiões da Floresta. Afirmamos o nosso compromisso com a transparência e a gestão eficaz de recursos como um ponto focal de doações, tanto de entidades privadas, quanto de outras organizações e da sociedade em geral, ao fazermos a arrecadação e articular a entrega para quem mais precisa – essa ação seguirá enquanto for necessário, já que temos uma previsão de recuperação dos impactos causados, a longo prazo”, afirma a diretora executiva do Idesam, Paola Bleicker. Ela ressalta que todo o recurso mobilizado é convertido em doação  A expectativa é que o Regatão do Bem beneficie mais de 17 mil pessoas no Amazonas com a entrega de até 80 toneladas de alimentos e ajuda emergencial.  As doações para a campanha continuam sendo arrecadadas por meio do PIX 07.339.438/0001-48. As informações serão atualizadas no site do Idesam, cujos recursos são auditados anualmente. Para mais informações, enviar mensagem para [email protected] ou ligar para (92) 3347-7350. Ao apoiar esta causa, você se une em uma corrente do bem, pela Amazônia e suas populações. Texto com informações do Idesam. 

“Pedimos que respeitem a nossa decisão”: lideranças Mura cobram respeito ao protocolo de consulta sobre a exploração de potássio em Autazes

A Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) promoveram no dia 10 de outubro, na sede da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), uma coletiva de imprensa em resposta às movimentações do governo do Amazonas em apoio à exploração de potássio em territórios do povo Mura, no município de Autazes (AM). O posicionamento do governador Wilson Lima (UB) foi o episódio mais recente de pressões ao povo Mura contra a demarcação da Terra Indígena (TI) Soares/Urucurituba e em favor da mineradora Potássio do Brasil. Estas pressões se caracterizam por promessas de infraestrutura que fazem parte de políticas públicas que deveriam ser garantidas pelo Estado, como água potável, saneamento básico, moradia e escolas.  A coordenadora da Apiam, Mariazinha Baré, cobrou dos governos municipais, estaduais e federal alternativas econômicas que não precisem destruir territórios com a promessa de crescimento econômico. “É ilusão achar que esses empreendimentos vão trazer desenvolvimento para as comunidades. O que vai restar para nós é simplesmente contaminação de rios, de terra, nossos animais e peixes. O resultado vemos nesta seca no Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo, maior floresta, está sucumbindo, qual resultado?”, indagou.  A ocasião também contou com representantes da Organização das Lideranças Indígenas do Povo Mura do Careiro da Várzea (Olimcv), William e Herton Mura, com o tuxaua da Aldeia Soares, Sérgio Mura, com a diretora do Departamento de Proteção Territorial da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Janete Carvalho e com o procurador da República do Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, Fernando Merloto Soave.  Herton Mura ressaltou os desastres e impactos relacionados à mineração, inclusive fora das TIs. “Não tem exemplo em nenhum lugar do mundo que a mineração tenha dado certo. É importante que o governo ouça a fala dos parentes que estão lá. Já pensou você está na sua casa e alguém chega dizendo para você sair? É assim que os parentes da Aldeia Soares estão se sentindo, com essa propagação que de que queira ou não os indígenas da Soares, ou outras aldeias o empreendimento vai acontecer de qualquer jeito. Se isso acontecer, queremos que haja respeito”, afirmou.  Texto adaptado do publicado pela Comunicação da Coiab. Leia na íntegra clicando aqui. 

Ciência é fundamental para garantir qualidade de vida à população em eventos climáticos extremos

O rio Madeira atingiu o nível mais baixo dos últimos 56 anos em Porto Velho (RO) no dia 4 de outubro. Ele é responsável pelo abastecimento de água de cerca de 500 mil pessoas em mil quilômetros, desde a capital do estado de Rondônia até o município de Itacoatiara, no Amazonas, onde deságua no rio Amazonas, o que faz dele a hidrovia mais importante da Amazônia Ocidental, por onde são transportadas cargas e pessoas. Devido a esse protagonismo regional, os prejuízos sociais e econômicos desta seca extrema são significativos. O pesquisador em hidrologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e uma das maiores autoridades em grandes rios da Amazônia, Naziano Filizola, aponta que investimentos em Ciência e políticas públicas para monitoramento da bacia do Madeira e de outros rios da região poderiam diminuir estes prejuízos.  “Precisamos revalorizar a Ciência no contexto da sociedade, para entender melhor o papel dela”, defendeu. “Temos universidades públicas que produzem pesquisas e são financiadas pela sociedade, que também paga os salários dos pesquisadores. Não temos resposta para tudo, mas a Ciência é o único caminho que temos para prever e combater os efeitos e as causas da situação que estamos vivendo hoje. Boa parte das previsões feitas no passado estão batendo à nossa porta. Tivemos tempo de nos prevenir, mas a sociedade decidiu recuar naquilo que devia ser feito, agora estamos vivendo as consequências. Vimos isso na pandemia, quando decidiram acreditar em remédios mirabolantes e não nas respostas da Ciência”, disse Filizola. “Temos instituições monitorando a possibilidade de eventos extremos. A Ciência necessária para se trabalhar na Amazônia já existe, o que não existe é vontade política para colocá-la em prática, mas temos instrumentos para isso”, destacou.  Combate ao fogo no município de Manaquiri. Foto: Divulgação/Prefeitura de Manaquiri A seca que atinge a Amazônia tem gerado imagens espantosas na região mais rica em água do planeta. Animais morrendo por causa do calor e falta de oxigênio na água, leitos dos maiores rios do mundo secos e comunidades ribeirinhas sem água potável. Cenários difíceis de se imaginar na Amazônia. “Tivemos mais eventos extremos nos últimos 20 anos deste século do que no século passado. A intensificação desses eventos, vai gerar consequências econômicas, ambientais e até na segurança alimentar”, destacou Naziano. A situação que afeta alguns estados da Amazônia é provocada pelos efeitos o fenômeno natural El Niño, mas a comunidade científica aposta em uma confluência de fatores, que envolve as mudanças climáticas, provocadas pelos seres humanos, que levou ao aquecimento das águas do Atlântico Norte, que têm potencializado a vazante, como nos estados do Amazonas, do Pará e do Amapá, e até a concentração de fumaça das queimadas, como tem acontecido na Região Metropolitana de Manaus (RMM).  Ação realizada pelo Greenpeace Brasil no Porto de Manaus no dia 16/10, quando o rio Negro atingiu a marca histórica de 13,59 metros, a mais severa desde o início da medição hidrográfica, em 1902. O recorde anterior era de 2010, quando a cota chegou a 13,63 metros. Foto: Christian Braga/Greenpeace Brasil Desde o dia 2 de outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) decidiram pela suspensão das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio devido a baixa vazão do rio Madeira, 50% abaixo da média histórica. As 50 turbinas da usina têm potência instalada de 3.568 megawatts, o que faz dela uma das maiores geradoras de energia do Brasil, como em 2022, quando foi a quarta usina em geração de energia no país. No Amazonas, os 62 municípios do estado estão em situação de emergência e a seca já afeta mais de 600 mil pessoas. Em 26 de outubro, o rio Amazonas atingiu 36 centímetros na estação de medição do Serviço Geológico do Brasil (SGB), em Itacoatiara, o menor nível registrado no local durante o monitoramento dos últimos 25 anos. No dia 27, o rio Negro registrou o menor nível em 121 anos na estação de medição do Porto de Manaus: 12,70 metros. Naziano explica que “a recuperação dos rios virá”, mas ainda é precoce afirmar quando. “A natureza sempre dá um jeito de se reequilibrar e de se recuperar, mas pode ser que demore um pouco devido aos efeitos conjugados do El Niño e do aquecimento global, isso nos faz ter dúvidas sobre quando a situação vai arrefecer, se será em breve ou se vai demorar mais um tempo”, disse.  Ciência para qualidade de vida  Naziano defende que só o investimento em pesquisas e em pesquisadores da região poderia preparar a Amazônia para enfrentar o que o futuro reserva para a Amazônia. “Uma das questões chaves fundamentais no monitoramento e prevenção de cenários extremos é o baixo nível de investimentos em pesquisas e em pesquisadores na região, o que dificulta a execução de trabalhos de forma mais detalhada e com presença mais intensa nos locais. Isso é um empecilho para a geração de conhecimentos mais profundos sobre as bacias hidrográficas”, explicou. Ele recorda que no início dos anos 2000 existia uma proposta de criação de centros estaduais de hidrologia e de meteorologia, que dariam suporte aos governos estaduais e municipais. “Penso que esse tipo de ideia poderia virar política pública, para que os municípios, principalmente, pudessem formar melhor a defesa civil e criar protocolos para eventos extremos”.  A colaboração entre a Ciência acadêmica e os conhecimentos tradicionais dos povos da floresta também podem ajudar na busca por soluções. “É necessário que haja uma convergência da opinião pública, do poder público, da sociedade civil organizada no sentido de fazer uma revisão do que a Ciência já produziu até aqui e buscar as saídas que já foram apontadas, pois, quase sempre, as saídas que a Ciência encontra já estão na própria sociedade, em ribeirinhos, indígenas, que já têm soluções importantes, mas elas precisam ganhar dimensão e modelos de aplicação que correspondam à escala que elas devem atender, e nisso a Ciência pode ajudar bastante. É isso que a gente precisa! Mas isso só será possível com pessoal capacitado”, destacou.  “A qualidade de vida das pessoas é importante, o cidadão que mora no interior não é menos importante do que aquele que mora numa região mais abastada do Brasil. Ele é uma semente de vida que está florescendo dentro da maior bacia hidrográfica do mundo, e que precisa de apoio para que ela possa se manter bem na sua localidade, com qualidade de vida, para que possa colaborar com a manutenção deste ecossistema tão rico e poderoso em escala global”, finalizou Naziano.  Naziano (no centro e de óculos escuros) com membros do projeto Rios On-Line.  Foto: Reprodução/Rios On-Line

Informativo nº48 Outubro/2023

Baixar Na última sexta-feira, dia 27 de outubro, divulgamos uma nota de posicionamento sobre a atual temporada de fogo e desmatamento ilegal que castiga o estado do Amazonas. No texto, fazemos recomendações e cobramos ações do poder público para o combate às causas da fumaça que toma conta de Manaus há dois meses, bem como expressamos preocupação com os discursos que geram desinformação quando colocam a BR-319 como a solução para a seca provocada pelo fenômeno El Niño e o colapso climático. A nota deixa mais uma vez clara a visão das organizações membro da rede a respeito da rodovia: o OBR-319 não se posiciona contrário à reconstrução da rodovia, mas enfatizamos que o seu avanço deve ser conduzido de maneira responsável, com a implementação de medidas rigorosas para mitigar impactos negativos sobre a floresta amazônica e seus povos. Para tanto, é necessário que gestores, parlamentares e toda a sociedade civil respeitem leis e direitos constituídos e, acima de tudo, ouçam a Ciência. Leia a nota completa aqui.  O Destaque do Mês traz uma entrevista com o pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Naziano Filizola, uma autoridade em hidrologia na Amazônia e que coordena o projeto Rios On-Line. Ele falou sobre o impacto de ações humanas nos rios da região, como o garimpo e as hidrelétricas.  No Interior em Foco, tem informações sobre a reativação da campanha Regatão do Bem, que leva solidariedade a população no interior do Amazonas impactada pela seca. Toneladas de alimentos estão chegando àqueles que estão isolados devido ao baixo nível dos rios. Além de comida, a campanha também está distribuindo água potável.  Na seção Ciência, explicamos o que é o fenômeno das terras caídas e por que ele acontece. O pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marco Antônio Oliveira, fala sobre as causas e como o impacto à população pode ser evitado. O artigo também traz atualizações com informações importantes sobre o que aconteceu em Beruri.  Nos Diálogos da BR-319, voltamos a falar sobre a pressão que o povo Mura de Autazes continua enfrentando pela exploração de potássio no seu território. A coordenadora da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Mariazinha Baré fez ponderações importantes durante a coletiva de imprensa relatada na matéria, principalmente sobre as responsabilidades do Estado nesta questão.  Por fim, leia as últimas notícias sobre acontecimentos importantes na área de influência da rodovia no Minuto BR. E não deixe de ver os números dos monitoramentos de focos de calor e desmatamento.  Boa leitura! 

Organizações pedem o cumprimento de medidas de combate a atividades ilegais e seriedade em discussões sobre a rodovia BR-319

Desde meados de agosto, a população do Amazonas, especialmente nos municípios da área de influência da rodovia BR-319, vem sofrendo com a fumaça das queimadas. Nesta sexta-feira, 27.10, o Observatório BR-319, rede de organizações da sociedade civil que atuam na área de influência da rodovia, divulgou nota de posicionamento sobre a atual temporada de fogo e desmatamento ilegal que castiga o Amazonas com fumaça. A situação, que acontece há anos, piorou significativamente em 2023 e impacta a saúde e qualidade de vida das pessoas e o meio ambiente. Manaus, Autazes, Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Iranduba e Manacapuru são alguns dos municípios que vêm sofrendo as consequências da fumaça. Nada disso é por acaso. Desde o início do verão amazônico, em 1º de junho até 26 de outubro, o Amazonas registrou 18.055 focos de calor. O estado é o segundo colocado no ranking nacional de queimadas, atrás apenas do vizinho Pará. As cidades de Lábrea e Manicoré, ao sul da BR-319, estão entre os dez municípios que mais queimaram no ano em todo o Brasil. A chamada “temporada do fogo”, que coincide com a vazante dos rios da Amazônia, foram amplificadas pelo fenômeno El Niño e as mudanças climáticas, resultando em uma estiagem extrema com altas temperaturas e recordes de queimadas para o ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Observatório BR-319 (OBR-319) monitora e alerta sobre a situação há anos. A rede apontou recordes de desmatamento e focos de calor nas regiões monitoradas em 2022, que foi o ano de maior desmatamento na Amazônia Legal (pela 5ª vez consecutiva) e também no Amazonas, e nos 13 municípios da área de influência da BR-319, considerando a série histórica de 2010 a 2022. Outro estudo produzido pelo OBR-319 mostrou que a rede de ramais nos municípios de Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá é 5,8 vezes maior que a extensão total da BR-319. Os dados reforçam que, no cenário atual, com baixa governança socioambiental, a rodovia viabiliza o surgimento e expansão de ramais e configura-se como vetor de desmatamento nesses municípios. A expansão dos ramais está associada à grilagem de terras, degradação florestal e outros crimes ambientais, como as queimadas, que colocam em risco a floresta e os povos que nela vivem. As Florestas Públicas Não Destinadas (FPND) são particularmente vulneráveis e concentram a maioria das estradas não oficiais. A situação é reflexo do descaso do poder público, do desmonte de políticas públicas e do sistema de comando e controle no contexto da rodovia. “Autoridades políticas passaram os últimos anos endossando discursos que incentivaram todo o tipo de atividade ilegal e ignoraram os diversos alertas da comunidade científica. A realidade é que a BR-319 é hoje o principal vetor de desmatamento na região, colocando em risco os povos e comunidades locais, a biodiversidade, recursos naturais e o potencial de sociobioeconomia da região. Precisamos discutir a BR-319 com seriedade e honestidade, sem amadorismo, sem oportunismo”, afirma a secretária executiva do OBR-319, Fernanda Meirelles. Na nota de posicionamento, o OBR-319 sugere medidas urgentes e cobra o fortalecimento da cooperação entre organizações da sociedade civil, povos indígenas e comunidades tradicionais para combater efetivamente atividades ilegais e assegurar governança na rodovia; assegurar condições de ordem técnica e segurança para a atuação dos órgãos de fiscalização ambiental; e a regularização fundiária, nas esferas federal e estadual, a fim de enquadrar essas áreas em alguma categoria prevista na Lei Nº 11.284/2006, que trata da gestão de florestas públicas, e assim reduzir a vulnerabilidade desses locais e coibir a grilagem de terras. Leia aqui a nota na íntegra.

Informativo nº47 Setembro/2023

Baixar Antes de tudo, pedimos desculpas pela demora na publicação desta edição. Devido a contratempos internos não foi possível publicá-la no último dia útil de setembro. Mas, asseguramos, a qualidade do conteúdo permanece a mesma.   O momento que a Amazônia vive é desafiador, pois nunca passamos por um verão amazônico com um El Niño de alta intensidade e um estágio tão avançado de mudanças climáticas, somado a isso, ainda temos o aumento da temperatura do Oceano Atlântico. Todos esses fatores têm contribuído para situações que resultaram em imagens devastadoras de queimadas, de fumaça e da mortandade de animais, como peixes, botos e peixes-bois. Ao longo de toda esta edição temos imagens atualizadas de queimadas na área de influência da BR-319 e, também, duas fotos emblemáticas feitas pelos premiados fotógrafos amazônidas Raphael Alves e Bruno Kelly, que estão mostrando ao mundo o que está acontecendo no Amazonas. O Observatório BR-319 agradece a gentileza da cessão das duas imagens, que enriquecem o conteúdo oferecido aos nossos leitores e permite àqueles que não moram na capital ter uma ideia do cenário estabelecido na cidade.  O Observatório BR-319 também se solidariza com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), alvo de ataques em Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (AM). Fiscais do órgão ambiental foram vítimas de uma emboscada durante uma ação de fiscalização contra crimes ambientais. Esperamos que todas as autoridades competentes tomem medidas para que isso não volte a acontecer.  A seção Destaque do Mês relembra o um ano da queda das pontes sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim, que permanecem sem respostas oficiais a respeito das causas e justiça para as famílias das cinco vítimas fatais. Além disso, produtores familiares ainda lutam com recursos próprios para superar os desafios impostos pela situação.  A seção Interior em Foco fala sobre o sucesso da agrofloresta Apurinã em Lábrea (AM), um dos municípios que mais sofrem com desmatamento no Brasil. A seção Ciência fala sobre o contexto climático que estamos vivendo e uma iniciativa tecnológica que ajuda a população a se apropriar de informações a respeito, trata-se da plataforma e aplicativo Selva, da Universidade do Estado do Amazonas. O Observatório BR-319 agradece à assessoria de comunicação da instituição, que gentilmente intermediou o contato com o cientista responsável pela iniciativa.  A seção Diálogos da BR-319 mostra a força da articulação das mulheres indígenas do sul do Amazonas em Brasília (DF). Unidas e mobilizadas, elas estão lutando por seus direitos e em defesa dos seus territórios em diversas frentes.  Por fim, não deixe de conferir os monitoramentos de focos de calor e desmatamento, e ler as últimas notícias sobre acontecimentos importantes na área de influência da rodovia no Minuto BR.  Boa leitura. 

Em marcha, mulheres indígenas do sul do Amazonas defendem seus territórios e chamam atenção para impactos da emergência climática 

Na 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, indígenas dos povos Jiahui, Tenharim, Parintintin, Juma, Apurinã, Jamamadi, Mura e Pirahã, do sul do Amazonas, reivindicaram maior apoio para formações e iniciativas direcionadas às mulheres indígenas. A mobilização, que contou com uma série de agendas e debates, reuniu cerca de 7 mil mulheres indígenas de todo o Brasil, representando mais de 247 povos, conforme a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). As indígenas das calhas dos rios Purus e Madeira marcaram presença na mobilização com uma delegação de aproximadamente 100 mulheres.   As indígenas do sul do Amazonas participaram de uma intensa agenda de debates, abordando temas como saúde mental, acessibilidade, educação, violência de gênero e protestaram contra o marco temporal. Além disso, entregaram uma carta no Ministério das Mulheres, reivindicando maior apoio por meio de formações e iniciativas voltadas para mulheres indígenas nas áreas de educação, bioeconomia das florestas, estrutura de comunicação, em defesa do bem-viver, da biodiversidade e dos territórios.   "Na região onde vivemos, estamos enfrentando desmatamento, perda de biodiversidade, incêndios, invasões, grilagens de terras e todo o tipo de desastre que afeta aquela região da Amazônia, considerada uma das mais críticas. Atualmente, estamos sendo seriamente afetadas pela emergência climática, que impacta nossas colheitas, os animais e as águas", diz trecho da carta.   "Garantir nossos territórios, promover mais educação e saúde para os nossos povos são algumas das nossas principais demandas nesta marcha", disse Benedita Parintintin, agente ambiental indígena da Terra Indígena Ipixuna.   A mensagem transmitida pelas mulheres indígenas foi clara: a preservação de seus territórios é vital para o bem-estar de suas comunidades e para a biodiversidade da Amazônia. Além disso, elas enfatizaram a necessidade de mais educação e saúde para os povos indígenas, destacando a importância de manter suas tradições e estilos de vida.  Mulheres de povos do sul do Amazonas marcaram presença na 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. Foto: Luana Luizy/IEB Texto produzido pela jornalista do IEB, Luana Luizy, e gentilmente cedido ao Observatório BR-319. 

Povo Apurinã cultiva 41,6 hectares de agrofloresta na TI Caititu, no Amazonas  

A Terra Indígena (TI) Caititu, território do povo Apurinã, é um refúgio que estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea, cidade do sul do Amazonas e liderança entre as 50 cidades do Brasil que mais desmataram nos últimos quatro anos, segundo o MapBiomas. No local, o povo Apurinã implementou 37 unidades de Sistemas Agroflorestais (SAFs), distribuídas em 21 aldeias, somando uma área de 41,6 hectares, que estão em plena produção de frutos, feijões, tubérculos e outros alimentos.   Os SAFs são uma modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos. É uma iniciativa que contribui para a remoção de gases de efeito estufa da atmosfera e conserva ecossistemas, além de garantir segurança alimentar e geração de renda por meio da comercialização da produção. A implementação dos sistemas agroflorestais é apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN), com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.   O cultivo dos SAFs auxilia também na recuperação de espaços anteriormente exauridos e transforma o ambiente. “Os SAFs já têm contribuído de maneira significativa para melhorar a qualidade do solo, a microbiota, a sensação térmica e o fornecimento de alimentos saudáveis para as aldeias”, explica Valdeson Vilaça, indigenista da OPAN e responsável pelo apoio técnico e monitoramento dos SAFs junto ao povo Apurinã.   “A gente já plantava, mas o conhecimento e a experiência do SAF enriqueceu nosso plantio, passamos a plantar vários tipos de frutas e reflorestamos a natureza. O SAF veio para abrir os olhos da gente e enriquecer nossa mente”, relata Maria dos Anjos, conhecida na Terra Indígena Caititu como a “rainha dos SAFs”.    Com a chegada do período da estiagem na Amazônia, a preocupação com queimadas ilegais aumenta, já que os incêndios impactam diretamente os sistemas agroflorestais e a saúde de todos os indígenas e das demais populações que vivem no entorno.   Por isso, os Apurinã estão se articulando para a criação da 1º Brigada Indígena Voluntária Apurinã. Em um esforço conjunto entre a Associação de Produtores Indígenas da Terra Indígena Caititu (APITC), a OPAN e a Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)  Médio Purus (CR – Médio Purus), os indígenas vêm realizando capacitações desde 2022 e este ano solicitaram ao Ibama/PrevFogo a aplicação da formação teórica e prática avançada para brigadistas. A solicitação está em tramitação e aguarda resposta do órgão. O trabalho do grupo formado por indígenas Apurinã e que já atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu é essencial para a proteção dos SAFs.  Imagem aérea da Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini/Opan Texto adaptado do original publicado no site do projeto Raízes do Purus. 

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A Linha do Tempo apresenta os principais acontecimentos que marcaram a história da BR-319 desde a década de 1970 até os dias de hoje, com acesso a documentos oficiais, fotos e publicações sobre o licenciamento ambiental e outros assuntos relacionados à rodovia.



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Mapa das Cadeias da Sociobiodiversidade do Interflúvio Purus-Madeira: Conheça as associações de base comunitárias que movimentam a bioeconomia na área de influência da BR-319

 



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