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Povo Apurinã cultiva 41,6 hectares de agrofloresta na TI Caititu, no Amazonas  

Publicado em: 02/10/2023

Maria dos Anjos e Marcelino Apurinã, referências na implementação de SAFs na Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini/Opan

A Terra Indígena (TI) Caititu, território do povo Apurinã, é um refúgio que estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea, cidade do sul do Amazonas e liderança entre as 50 cidades do Brasil que mais desmataram nos últimos quatro anos, segundo o MapBiomas. No local, o povo Apurinã implementou 37 unidades de Sistemas Agroflorestais (SAFs), distribuídas em 21 aldeias, somando uma área de 41,6 hectares, que estão em plena produção de frutos, feijões, tubérculos e outros alimentos.  

Os SAFs são uma modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos. É uma iniciativa que contribui para a remoção de gases de efeito estufa da atmosfera e conserva ecossistemas, além de garantir segurança alimentar e geração de renda por meio da comercialização da produção. A implementação dos sistemas agroflorestais é apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN), com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.  

O cultivo dos SAFs auxilia também na recuperação de espaços anteriormente exauridos e transforma o ambiente. “Os SAFs já têm contribuído de maneira significativa para melhorar a qualidade do solo, a microbiota, a sensação térmica e o fornecimento de alimentos saudáveis para as aldeias”, explica Valdeson Vilaça, indigenista da OPAN e responsável pelo apoio técnico e monitoramento dos SAFs junto ao povo Apurinã.  

“A gente já plantava, mas o conhecimento e a experiência do SAF enriqueceu nosso plantio, passamos a plantar vários tipos de frutas e reflorestamos a natureza. O SAF veio para abrir os olhos da gente e enriquecer nossa mente”, relata Maria dos Anjos, conhecida na Terra Indígena Caititu como a “rainha dos SAFs”.   

Com a chegada do período da estiagem na Amazônia, a preocupação com queimadas ilegais aumenta, já que os incêndios impactam diretamente os sistemas agroflorestais e a saúde de todos os indígenas e das demais populações que vivem no entorno.  

Por isso, os Apurinã estão se articulando para a criação da 1º Brigada Indígena Voluntária Apurinã. Em um esforço conjunto entre a Associação de Produtores Indígenas da Terra Indígena Caititu (APITC), a OPAN e a Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)  Médio Purus (CR – Médio Purus), os indígenas vêm realizando capacitações desde 2022 e este ano solicitaram ao Ibama/PrevFogo a aplicação da formação teórica e prática avançada para brigadistas. A solicitação está em tramitação e aguarda resposta do órgão. O trabalho do grupo formado por indígenas Apurinã e que já atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu é essencial para a proteção dos SAFs. 

Imagem aérea da Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini/Opan

Texto adaptado do original publicado no site do projeto Raízes do Purus

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