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Projeto de extensão de melipolinicultura incentiva práticas agroflorestais em comunidade Mura, em Autazes (AM)

Publicado em: 27/05/2021

Crédito: Rositene de Souza Mura / Arquivo Pessoal

Iniciativa pretende agregar qualidade de vida às comunidades e explorar atividades econômicas alinhadas com a vocação econômica local.

As abelhas são animais importantes na manutenção da biodiversidade, pois ajudam na reprodução de diversas espécies de plantas através da polinização. Elas também contribuem na alimentação e na saúde humana com a produção de mel, usado na culinária e em remédios naturais. É o caso da comunidade indígena Moyray, do povo Mura, localizada na AM-254, em Autazes (AM). No local, o Instituto Federal do Amazonas (Ifam) implantou um projeto pioneiro de criação de abelhas sem ferrão, a meliponicultura, que também incentiva práticas agroflorestais entre comunidades da região.

A iniciativa é coordenada pelo professor e doutor em engenharia florestal Rinaldo Sena Fernandes, um dos maiores entusiastas da atividade no Amazonas. “Quando recebemos os alunos de Autazes no curso técnico de Agroecologia, nosso principal objetivo era prepará-los para que pudessem mudar para melhor a vida nas comunidades onde moram. O primeiro passo foi mapear demandas e oportunidades”, relata Fernandes. 

O uso do mel faz parte da cultura da comunidade, mas os moradores não sabiam como manejar e produzir o alimento. Ao perceber a oportunidade, Rinaldo criou o curso de extensão em Meliponicultura que beneficia, atualmente, mais de 40 famílias nas comunidades Moyray, São Félix, Cuia e Guapenu. “Não se trata apenas de meliponicultura, mas de práticas agroflorestais que dividem espaço com a criação de abelhas”, diz Rinaldo. “É uma atividade integrada a plantios florestais, de frutíferas e outras culturas de ciclo curto, contribuindo para o aumento do uso múltiplo da floresta, proporcionando subsistência e até renda aos comunitários”, acrescenta.

A comunidade Moyray está localizada no território da Terra Indígena Guapenu, que ainda se encontra em processo de identificação pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Crédito: Rositene de Souza Mura / Arquivo Pessoal

Mel com selo Mura

Pelo menos cinco alunos fazem a manutenção das atividades do projeto. Uma delas é Rosinete de Souza Mura, que, ao lado do irmão, Adilio, monitora a produção de mel na Moyray. “Aqui se produz mel com selo Mura”, diz Rosinete orgulhosa. “Depois que passamos a produzir o nosso mel, percebemos que ele tem uma qualidade muito superior a dos demais”, acrescenta Adilio.

A meliponicultura vem provocando mudanças visíveis na comunidade. Eles contam que hoje a coleta de frutas é mais farta, pois as árvores produzem mais devido à polinização das abelhas e também fazem mais remédios caseiros, devido à abundância de mel. “Em breve, vamos estender e consolidar a criação de abelhas sem ferrão nas comunidades Terra Preta, Josefa, Trincheira e São Félix. Nosso objetivo é mostrar os benefícios dos sistemas agroflorestais e combater práticas que incentivam o desmatamento”, diz Rosinete.

Edição 18 – Abril 2021 – Interior em Foco

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