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“As mulheres extrativistas são as verdadeiras guardiãs da floresta”

Publicado em: 27/05/2021

Crédito: Cleo Santos / IEB

Associação agropecuária de Beruri tem 45% das famílias extrativistas chefiadas por mulheres. Entidade se destaca na região do Purus.

Sandra Amud é a mulher à frente da Associação dos Agropecuários de Beruri (Assoab). Há cinco anos como presidente da entidade, ela vem trabalhando no fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia no município, que fica na calha do rio Purus e na área de influência da BR-319.

Sandra conta que sempre procurou maneiras de fazer a diferença em inciativas no interior do estado e que o curso Formar Castanha, realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), contribuiu para o aprimoramento do trabalho que faz na Assoab. “Eu nunca paro, estou sempre buscando me qualificar e aplicar o que aprendo na realidade em que estou inserida”, relata Sandra.

A Assoab é uma das entidades mais influentes na região de Beruri, pois trabalha diretamente com comunidades extrativistas no incremento da produção de matérias-primas da sociobiodiversidade. Hoje, a associação dispõe de uma indústria de beneficiamento que compra a castanha de 409 famílias de reservas de desenvolvimento sustentável e comunidades indígenas. “O trabalho não é fácil e ainda precisamos evoluir bastante, mas hoje temos parceria com a maioria das famílias extrativistas de Beruri, sendo que 45% delas são chefiadas por mulheres”, revela Sandra.

Ela enfatiza que a presença das mulheres é muito importante, não só na agroindústria, mas como liderança nas comunidades. “Elas têm visão empreendedora! Quando a mulher está à frente, é nítida a mudança que ela provoca na comunidade, na vida dela e da família”, avalia a presidente da Assoab. “É importante que a mulher não seja só uma dona de casa ou mãe de família. Quando elas se empoderam, são as verdadeiras guardiãs da floresta”.

Crédito: Arquivo / Assoab

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, o Amazonas foi o maior produtor nacional de castanha-da-amazônia no País, um dos mais importantes produtos do extrativismo para a Amazônia. A produção no estado chegou a 12.182 toneladas (t), o que corresponde a 37% da produção nacional. Os municípios que mais contribuíram para o resultado foram Humaitá (4.500 t), Lábrea (946 t), Boca do Acre (900 t) e Beruri (823 t). 

A castanha coletada em Beruri faz parte dessa conta e só foi computada graças ao trabalho da Assoab. A associação é a única da região com registro de base comunitária junto ao Ministério da Agricultura. Segundo Sandra, isso só foi possível graças à visão empreendedora e união da comunidade. “Melhoramos a infraestrutura da usina, investimos no desenvolvimento comercial do produto e na agregação de valor dentro das comunidades”, revela. “As boas práticas extrativistas fazem toda a diferença”, acrescenta a presidente da Assoab.

Como resultado, a Assoab fechou grandes parcerias em 2018, antes da pandemia. “A Natura é um dos nossos principais parceiros e faz o trabalho de campo dentro das comunidades, porque a empresa precisa de rastreabilidade para comprovar a boa procedência da matéria-prima usada em seus produtos. Para isso, todas as famílias são acompanhadas de perto e têm um código de rastreabilidade”, diz Amud.

Sandra reconhece que a comercialização do produto diminuiu com a pandemia, mas que com criatividade e tecnologia, foi possível vender a castanha das famílias para redes de hotéis e supermercados. Ela já tem planos para quando a pandemia for superada: “Vamos investir na comercialização de óleos naturais, como a copaíba e o murumuru”, revela.

Edição 17 – Marão 2021 – Interior em Foco

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