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“Pedimos que respeitem a nossa decisão”: lideranças Mura cobram respeito ao protocolo de consulta sobre a exploração de potássio em Autazes

Publicado em: 31/10/2023

Coletiva Apiam e Coiab. Foto: Divulgação/Coiab

A Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) promoveram no dia 10 de outubro, na sede da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), uma coletiva de imprensa em resposta às movimentações do governo do Amazonas em apoio à exploração de potássio em territórios do povo Mura, no município de Autazes (AM). O posicionamento do governador Wilson Lima (UB) foi o episódio mais recente de pressões ao povo Mura contra a demarcação da Terra Indígena (TI) Soares/Urucurituba e em favor da mineradora Potássio do Brasil. Estas pressões se caracterizam por promessas de infraestrutura que fazem parte de políticas públicas que deveriam ser garantidas pelo Estado, como água potável, saneamento básico, moradia e escolas. 

A coordenadora da Apiam, Mariazinha Baré, cobrou dos governos municipais, estaduais e federal alternativas econômicas que não precisem destruir territórios com a promessa de crescimento econômico. “É ilusão achar que esses empreendimentos vão trazer desenvolvimento para as comunidades. O que vai restar para nós é simplesmente contaminação de rios, de terra, nossos animais e peixes. O resultado vemos nesta seca no Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo, maior floresta, está sucumbindo, qual resultado?”, indagou. 

A ocasião também contou com representantes da Organização das Lideranças Indígenas do Povo Mura do Careiro da Várzea (Olimcv), William e Herton Mura, com o tuxaua da Aldeia Soares, Sérgio Mura, com a diretora do Departamento de Proteção Territorial da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Janete Carvalho e com o procurador da República do Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, Fernando Merloto Soave. 

Herton Mura ressaltou os desastres e impactos relacionados à mineração, inclusive fora das TIs. “Não tem exemplo em nenhum lugar do mundo que a mineração tenha dado certo. É importante que o governo ouça a fala dos parentes que estão lá. Já pensou você está na sua casa e alguém chega dizendo para você sair? É assim que os parentes da Aldeia Soares estão se sentindo, com essa propagação que de que queira ou não os indígenas da Soares, ou outras aldeias o empreendimento vai acontecer de qualquer jeito. Se isso acontecer, queremos que haja respeito”, afirmou. 


Texto adaptado do publicado pela Comunicação da Coiab. Leia na íntegra clicando aqui

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