O sucesso da Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit) teve início já em sua criação, em 1997. Cansado da miséria e vulnerabilidade dos moradores das comunidades onde exercia a função de pastor, na margem direita do rio Ituxi, em Lábrea/AM, Antonio Vasconcelos de Souza acreditou que tudo poderia ser diferente se os comunitários se organizassem: reuniu um grupo de interessados e criou a associação.

Diante da exploração por regateiros e pelos ‘patrões’, falta de recursos financeiros e analfabetismo em massa, Antonio optou por investir na Educação e conseguiu instalar a primeira escola de Ensino Fundamental em uma das localidades. “Essa foi a nossa primeira vitória”, afirmou Silvério Ramos Maciel, que atua em sua segunda gestão como presidente da Apadrit.

Atraídos pela possibilidade de expansão fácil de suas atividades sobre terras públicas, fazendeiros e grileiros ignoraram a riqueza natural da região e passaram a ameaçar a integridade do território e segurança das comunidades locais. Logo, os líderes reconheceram a necessidade de garantir o espaço que lhes pertencia e iniciaram o processo de criação de uma reserva extrativista. Foram oito anos de estudos, orientações e trabalho até que, em 2008, o governo federal decretou a criação da Reserva Extrativista Ituxi.

Depois de seis anos exercendo diferentes funções na Apadrit, Silvério assumiu a presidência. Para ele, as parcerias institucionais são primordiais para o avanço dos trabalhos da associação. “Passamos por diversos cursos de capacitação promovidos por instituições parceiras. O primeiro deles foi o IFT e depois contamos com o apoio do Idesam, Serviço Florestal, CNS, IEB, WWF-Brasil, Fundo Amazônia, e, localmente, com a Opan e Instituto Desenvolver”, ressaltou o presidente. “A contribuição dessas instituições foi fundamental para capacitar a equipe e inserir a Apadrit em outros editais”, garantiu Silvério.

Desde 2004, a Apadrit angariou quase dois milhões de reais para diferentes fins em benefício das comunidades da Resex e se tornou referência em gestão participativa entre unidades de conservação federais. Atualmente, as cerca de 200 famílias residentes na reserva extrativista se dividem nos trabalhos do Plano de Manejo Comunitário; Manejo da Madeira; Manejo do Pirarucu e na Agricultura Familiar. Também se dedicam à extração da castanha-do-brasil e copaíba, que passarão a ser comercializadas a partir de 2021 pela Cooperativa Agroextrativista da Resex Ituxi (Copagri), que se encontra em processo de finalização.

Silvério vê a criação e implementação da Resex como uma oportunidade ímpar para que conseguissem garantir o trabalho, o desenvolvimento local e a segurança do território. “Quando começamos, muitos diziam: ‘isso não vai dar certo, vocês vão passar fome’ e não é nada disso. Já vamos para 12 anos e cada vez estamos nos estruturando mais; cada vez, melhor”, garantiu o líder.

Ampliar os pontos de internet, gerar empregos locais e deixar a Apadrit bem organizada compõem os planos futuros de Silvério. Ele pretende passar o bastão da presidência para os jovens que já se encontram em processo de formação. “Estamos envelhecendo, mas a juventude de nossa Resex já está tomando gosto pelo trabalho na associação, porque acompanham os resultados e a melhoria de vida para todos”, assegurou.

Edição 13 – Outubro 2020 – Interior em Foco