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A concretização de um sonho por meio da união: como nasceu a primeira associação de mulheres indígenas de Tapauá

Publicado em: 01/02/2024

Mulheres artesãs de Tapauá em oficina realizada pela Funai em 2019. Foto: Divulgação/Funai

Era 2019, mulheres Deni, Mamuri, Apurinã, Paumari e Katukina, de Tapauá, município do sul do Amazonas a 565 quilômetros de Manaus, se uniram para criar uma associação que fortalecesse a produção de artesanato indígena local. As coisas pareciam encaminhadas, e estavam, pois o roteiro para a criação da associação estava sendo seguido à risca: reuniões, assembleia e estatuto, como determina a lei…mas aí veio a pandemia e o grupo se desarticulou.  

Tudo começou com a Oficina para o Fortalecimento do Protagonismo da Mulher Indígena Artesã, evento realizado pela Coordenação Regional (CR) Médio Purus, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). “Naquela época, a Funai tinha uma sede em Tapauá e as artesãs contavam com um espaço decorado onde elas comercializavam o artesanato”, conta a hoje vice-presidente da Amiata, Sandra Batista do Amaral, que era responsável pelo local. “Até que chegou a pandemia e a dinâmica do grupo mudou bastante. A diretoria foi toda para as aldeias, distantes da sede municipal, e não era permitido realizar encontros presenciais. As muitas faltas e o distanciamento desmobilizaram o grupo”, relata Sandra.   

Já em 2022, quando o projeto Governança Socioambiental Tapauá começou, a primeira sugestão foi a inclusão da associação entre as organizações que deveriam ser fortalecidas pelo projeto. Deu certo e mais rápido que o esperado. Em 8 de agosto de 2023, a Associação das Mulheres Indígenas Artesãs de Tapauá (Amiata) foi oficialmente criada. Mas não só: em seguida a Amiata se candidatou à chamada de projetos “Fortalecendo a Autonomia e Resiliência dos Povos Indígenas – Apoio ao Enfrentamento de Incêndios Florestais e Monitoramento Territorial na Amazônia”, do Fundo Casa Socioambiental, e foi uma das 29 selecionadas.  

“O artesanato é uma das formas de expressão da cultura dos povos indígenas, especialmente para os Apurinã”, explica a presidente da Amiata, Francinete Apurinã. “A criação da Amiata é a realização de um sonho para todas as mulheres indígenas do Médio Purus, pois, agora, teremos meios de reproduzir as técnicas e saberes da nossa cultura para a produção de artesanato pelas novas gerações”, comemora. “Com a Amiata, queremos fortalecer o artesanato em toda a região do Médio Purus, especialmente entre as mulheres”, planeja Francinete. A presidente da Amiata quer percorrer aldeias indígenas de Tapauá convidando mulheres a se associarem à organização. “Assim que o rio encher, vamos em busca de mais interessadas em produzir artesanato”, revela.   

Texto adaptado do original publicado no site do Idesam

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