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Experiências da juventude da floresta na BR-319

Publicado em: 31/01/2023

Antonio Mathias Apurinã, é castanheiro e mora na Terra Indígena (TI) Caititu, localizada no município de Lábrea (AM). Com empolgação, ele conta que as principais atividades econômicas desenvolvidas no seu território são os Sistemas Agroflorestais (SAF) e a extração da castanha. “O início da nossa TI fica no em torno da cidade e foi muito degradado. Trabalhamos com parceiros que trouxeram a experiência e a troca de conhecimento em SAFs e, também, temos o coletivo da castanha, que nos fez sair das mãos dos atravessadores. Agora, estamos no processo de organizar cada vez mais o nosso produto”, disse. O relato de Antonio foi feito durante o II Encontro da Juventude Extrativista e é um exemplo do que as novas gerações estão vivendo nos seus territórios, com a renovação a e inovação no modo de vida tradicional.  

Já Vanessa Apurinã, da Gerência de Monitoramento Territorial da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), vê na comunicação uma forma de expressar a preocupação da juventude amazônida extrativista, e dos povos indígenas, os impactos causados por grandes empreendimentos, como a BR-319.  

“A BR-319 foi construída dentro de um arco de desmatamento que tem afetado não só o clima, mas também vidas. A floresta amazônica é um bioma de diversas culturas e povos e essa ‘espinha’ que foi criada no meio dela afeta diretamente extrativistas, indígenas, quilombolas”, declarou a jovem. Ela cita enchentes, queimadas, alteração no ciclo das chuvas, afastamento da caça e perda de território como consequências do desmatamento ligado ao avanço da rodovia. “A mudança climática não afeta meu território só um dia, ela afeta todos os dias. Com as enchentes mais fortes, nós perdemos roça e plantação. Elas deixam a gente desabrigada da nossa aldeia e precisamos encontrar alternativas, que são as terras firmes. Só que com o desmatamento e a chegada das estradas por trás do nosso território, ficamos sem ter para onde ir. O desmatamento afasta a caça que é um dos principais alimentos dos indígenas, o que torna mais distante o acesso à alimentação. Já estamos longe dos igarapés para pescar, chegamos na terra firme e ficamos sem a alimentação da caça”, relatou Vanessa, nasceu na aldeia São Benedita, no município de Pauini (AM) e é uma das lideranças de jovens comunicadores do Observatório da BR-319 (OBR-319).  

O II Encontro da Juventude Extrativista foi realizado de 22 a 26 de novembro de 2022, em Mazagão, no Amapá, pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) em parceria com o Memorial Chico Mendes (MCM) e apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), WWF-Brasil, Rainforest Foundation Noruega (FRN) e Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). A edição reuniu mais de 140 jovens e lideranças indígenas, quilombolas, pantaneiras e extrativistas de todo o Brasil, além de comunicadores e ativistas socioambientais. 

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