Notícias

Terras caídas: o que é e por que acontece? 

Publicado em: 31/10/2023

Defesa Civil do Amazonas vistoria no local do desabamento na Vila do Arumã, em Beruri. Foto: Divulgação/Defesa Civil AM

Na noite do dia 30 de setembro, a comunidade Nossa Senhora de Nazaré, na Vila do Arumã, localizada na margem direita do rio Purus na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, em Beruri, foi engolida pelas águas causando duas mortes, deixando três desaparecidos, além de afetar 151 pessoas. A tragédia foi provocada pelas terras caídas, um fator natural, agravado, neste caso, pela ação humana. Foram soterradas 44 casas, três igrejas, uma Unidade Básica de Saúde, uma escola, um centro comunitário e dois poços tubulares; 14 flutuantes também foram danificados por ondas que chegaram a cinco metros de altura.  

Em 2014, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) já tinha havia identificado o risco e alertado as autoridades locais. Ainda de acordo com o SGB, pelo menos 29 mil pessoas no Amazonas vivem em locais sujeitos a desbarrancamentos provocados pelo fenômeno das terras caídas, nome popular e regional dado ao processo de erosão natural das margens dos grandes rios na Amazônia, que ocorre devido a energia e a velocidade da correnteza das águas, que acabam solapando a base dos barrancos. 

Geralmente, isso acontece em terrenos de várzea, quando sedimentos carregados pelas águas formam barrancos a cada período de cheia. À medida que o rio desce na vazante, os barrancos ficam expostos, às vezes com uma altura de 10 a 15 metros, e com a ação da própria gravidade, eles entram em colapso e desmoronam. 

Evitar o fenômeno das terras caídas em comunidades ribeirinhas do interior do Amazonas envolveria obras de altíssimo custo e de baixa sustentabilidade. O ideal seria tentar prevenir quando as terras caídas vão se desencadear, prevendo como a erosão do rio vai acontecer. Como os rios da Amazônia são cursos d’água longos e que abrangem grandes extensões territoriais, isso seria um trabalho minucioso que tem que ser feito primeiro em comunidades ribeirinhas, mais distantes das sedes municipais e mais vulneráveis, e depois nas sedes municipais. O SGB tem a previsão de iniciar um projeto de monitoramento e prevenção em 2024, no rio Purus, entre os municípios de Anamã e Manacapuru. Enquanto isso, é importante que o poder público esteja atento e preparado para dar assistência a moradores de locais de risco afim de evitar perdas e danos à população. 


Com informações do pesquisador em Geociência do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marco Antônio Oliveira. 

Gostou? Compartilhe!

Veja também