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Lideranças femininas atuam para garantir governança e conservação da floresta na BR-319 

Publicado em: 01/12/2023

Representantes do CNS em vista ao Congresso Nacional. Foto: Mike Sena/Miracena

A área de influência da BR-319 abriga centenas de comunidades indígenas e não indígenas que sofrem pressões de diversas naturezas. Enfrentar essas ameaças é uma luta diária que tem como protagonistas mulheres que atuam para garantir a governança do território e a conservação da floresta na área de influência da rodovia. Essas lideranças são testemunhas do avanço da degradação ambiental nas Unidades de Conservação (UCs), que envolve, muitas vezes, crimes ambientais como invasão de terras e exploração ilegal dos recursos do território.  

Uma dessas lideranças é Sílvia Elena, secretária de Direitos Humanos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS). Moradora de Manicoré, um dos municípios da área de influência da BR-319, ela relata os efeitos do desmatamento e assentamentos derivados da ocupação na região da rodovia. “As cabeceiras dos igarapés estão sendo assoreadas por esse desmatamento. Essa pavimentação da BR e o assoreamento vão deixar muitos igarapés sem água, muitos rios e lagos. E não só isso, porque quando nós perdemos a água, perdemos tudo o que existe nela, principalmente os peixes que são a principal fonte de alimentação das comunidades extrativistas ribeirinhas”, afirma. 

Para ela, as propostas de reconstrução da BR-319 não atendem às necessidades das comunidades, em especial das UCs. “Não houve um estudo que realmente mostrasse o perigo que é a BR ser feita da forma como ela está sendo feita. Essa é uma preocupação muito grande de todos que moram ali no entorno da BR, porque nós já vemos o desmatamento que já começou a acontecer”, explica. 

Sílvia Elena enfatiza que os movimentos sociais não são contra o asfaltamento da rodovia, mas que é necessário mecanismos de fiscalização para combater ilegalidades na região. O trabalho realizado pelas organizações de mulheres contribui para a proteção de recursos naturais e do modo de vida das populações locais, afirma Sílvia Elena. Ela relata que as mulheres atuam no extrativismo, como a produção de açaí, castanha, borracha e artesanato, entre outros. “Esse trabalho da mulher é fundamental porque normalmente elas assumem a responsabilidade da família. Quando elas perdem o território, elas têm dificuldade para manter a sua família, a alimentação e os filhos dentro da escola. Precisamos ter um olhar mais atento a essas mulheres que são as protetoras e as financiadoras do seu lar”, declara. 


Texto produzido e gentilmente cedido pela Up Comunicação Inteligente durante o VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas, em Brasília (DF). 

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