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Por que Manaus e municípios vizinhos estão sob fumaça?

Publicado em: 02/10/2023

Manaus (AM) encoberta de fumaça no mês de setembro. Foto: Raphael Alves/Cedida

Desde a segunda quinzena de agosto, municípios da área de influência da BR-319, e outros do sul do Amazonas, têm convivido com a fumaça. A situação é comum há alguns anos, mas não deve ser normalizada, uma vez que afeta a qualidade de vida da população e do meio-ambiente. Na Região Metropolitana de Manaus (RMM), que inclui a capital, Autazes, Careiro, Careiro da Várzea e Manaquiri, a densa nuvem de fumaça durante todo o mês de setembro causou prejuízos à saúde e até acidentes na rodovia BR-319, mesmo o Amazonas registrando menos focos de calor em comparação mesmo período do ano passado. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM), isso aconteceu devido a uma convergência de fatores. O primeiro deles é o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e desloca massas de ar quente, o que inibe a formação de chuvas em algumas partes da Amazônia. A quantidade de partículas de fumaça liberadas durante um incêndio pode ser muito alta. Sem chuva, essas partículas podem permanecer em suspensão por mais tempo, facilitando a dispersão. Por isso vemos com mais facilidade as nuvens de fumaça cobrindo os municípios durante esse período. O segundo fator é o super aquecimento das águas do Oceano Atlântico. O terceiro, as mudanças climáticas. Esses fatores, juntos e ao mesmo tempo, levaram a uma alteração no fluxo de ventos, que em condições normais viriam do Atlântico Norte, mas que estão vindo do Atlântico Sul, a Sudeste do Amazonas. Com isso, trouxeram para Manaus toda a fumaça produzida em queimadas nos municípios abaixo da capital, como por exemplo, os municípios na área de influência da BR-319. 

Entre os dias 27 e 28 de setembro, a qualidade do ar em quase toda a cidade de Manaus atingiu níveis críticos, segundo o monitoramento da plataforma Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Em alguns bairros, ela chegou a “péssima”. A Selva monitora as queimadas e a qualidade do ar nos 62 municípios do Amazonas, no interior os dados são estimados por modelo numérico ambiental e na capital por sensores PurpleAir, 24 horas por dia. Ela busca os dados de queimadas na NASA e faz a modelagem da qualidade por meio do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo, a sigla em inglês ECMWF. Os dados são disponibilizados no site e por meio de aplicativo para celular. 

É importante que a população se aproprie destas informações e ferramentas para fortalecer a luta pelo bem-viver de todas as populações da Amazônia e o combate a atividades ilegais, que podem comprometer a sustentabilidade de gerações futuras. 

Faça a sua parte, denuncie as queimadas ao Ministério Público do Amazonas: (92) 3655-0745 0800-092-00500.

Dr. Rodrigo Souza (de camisa branca) é o idealizador do Selva. Foto: UEA/Divulgação

Texto produzido com informações da Sema-AM sobre a fumaça em Manaus; e da assessoria de comunicação da UEA, que gentilmente apurou informações sobre a plataforma Selva com o professor doutor Rodrigo Souza. 

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