Notícias

Impactos das mudanças climáticas globais sobre a fauna aquática na Amazônia 

Publicado em: 01/12/2023

Comunidade no rio Purus. Foto: Wérica Lima/ PELD-Diva

A Bacia Amazônica é fortemente ameaçada pela construção de barragens, exploração de minérios, petróleo e gás natural, sobrepesca e secas e cheias extremas. É considerada especialmente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas no planeta. Segundo previsões do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a região Amazônica sofrerá alterações nos regimes de vazão dos rios e igarapés devido a alterações na chuva e na evapotranspiração locais, fatores que afetam diretamente a composição dos organismos aquáticos. 

Uma das possíveis consequências das mudanças climáticas na Amazônia é a frequência dos eventos climáticos. Com base em projeções do IPCC, a ação do homem já causou um aumento de temperatura global de cerca de 1 °C comparado aos níveis pré-industriais. Acredita-se que ainda atinja aproximadamente 1,5 °C entre 2035 e 2052.  

Para as espécies de peixes nos sistemas de rios-planícies de inundação e que dependem da floresta como área de alimentação, eventos extremos de seca podem colocar em risco o período de reprodução. As plantas que servem como alimento para os peixes, podem acabar morrendo pelo longo tempo em que suas raízes ficam submersas. Assim, essas mesmas áreas, que também funcionam como abrigo para os peixes, correm o risco de serem reduzidas. Cheias prolongadas podem diminuir a qualidade da água. 

A influência de eventos climáticos extremos altera o padrão de intensidade e duração do regime de chuvas. Por esse motivo, é esperado que isso afete também a disponibilidade de peixes para pesca. Consequências que envolvem crises na compra e venda de pescado; e a oferta de proteína animal para a alimentação humana. 

Muitas espécies de peixes desenvolvem adaptações para sobreviver a condições extremas, e se tornam mais resilientes aos efeitos dos eventos climáticos que vêm ocorrendo com frequência nos últimos tempos. Estudos indicam que os 9 anos seguintes à seca de 2005, foram caracterizados pela ocorrência de secas anuais mais prolongadas. Isso provocou uma reorganização na comunidade de peixes, com mudanças na composição e estrutura funcional, atingindo um novo estado que dura até hoje. 
Para evitar efeitos ainda mais negativos, é preciso uma série de ações preventivas, tanto para a manutenção da biodiversidade aquática como para o manejo na região, já que a Amazônia abriga a maior diversidade de peixes de água doce do mundo e os recursos pesqueiros tem papel importante na alimentação dos habitantes do interior da Amazônia brasileira. É necessário analisar como as características da ictiofauna e a pressão da atividade da pesca estão relacionadas com as condições ambientais, utilizando longas séries temporais de dados, para então fornecer soluções na adoção de medidas de conservação. 


Texto adaptado do original publicado no site do projeto Pesquisa Ecológica de Longa Duração: Diversidade da Várzea (PELD-Diva), que gentilmente autorizou a reprodução neste informativo. 

Gostou? Compartilhe!

Veja também