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Repensar a bioeconomia na Amazônia

Publicado em: 04/05/2022

O cientista Adalberto Luis Val lidera iniciativa de bioeconomia no AM com financiamento da Fapeam. Foto: Reprodução

Por Adalberto Luis Val

A Amazônia brasileira demanda ações imediatas para superar o contraste entre os seus baixos Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) e a riqueza dos recursos naturais renováveis do seu entorno. É urgente focar no bem-estar das comunidades locais para elevar a qualidade de vida, promover a distribuição mais equânime de oportunidades e conservar a biodiversidade. A bioeconomia tem se apresentado como um dos caminhos para alcançar estas soluções. O primeiro passo, é o estudo das cadeias de valor pela perspectiva dos que produzem localmente, seguido pela identificação dos componentes destas cadeias e as relações entre os agentes. As organizações não governamentais, a academia e outras instituições semelhantes são capazes de potencializar as oportunidades da biodiversidade. Isso pode acontecer por meio do assessoramento técnico para o aumento da produtividade, do controle da qualidade por serviços especializados, da certificação do produto, da infraestrutura digital e da logística eficaz para o acesso aos mercados locais, nacional e internacional.

No Brasil, o conceito de bioeconomia tem sido amplamente debatido com atores públicos, privados e academia. As “Diretrizes para a Construção Conceitual da Bioeconomia no Amazonas” relacionam o conceito de bioeconomia com atividades econômicas baseadas na produção, comercialização e distribuição dos ativos ambientais da sociobiodiversidade amazonense, voltados à produção florestal (madeireira e não madeireira), fármacos, química fina, pescado e fruticultura, possibilitando a interiorização do desenvolvimento e promovendo o empoderamento das comunidades tradicionais, sem deixar ninguém para trás.

O repensar da bioeconomia na Amazônia visa o estabelecimento de novos mecanismos de financiamento para iniciativas verdes e para o pagamento por serviços ambientais. Isso quer dizer que precisamos criar um modelo de desenvolvimento para a biodiversidade, baseado em soluções inovadoras e replicáveis focadas nos pequenos e médios agricultores. O desenvolvimento sustentável também exige governança alinhada com indicadores de resultados que priorizem a geração de bem-estar, a conservação dos rios e a manutenção da floresta em pé.

Texto gentilmente adaptado pelo pesquisador Adalberto Luis Val (Inpa) a partir do artigo de mesmo nome em coautoria com o também pesquisador Jacques Marcovitch (USP). Ambos são coordenadores do Projeto Bioeconomia que conta com o apoio da Fapeam e da Fapesp.

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