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Povos do sul do Amazonas marcam presença no ATL 2023 

Publicado em: 28/04/2023

Delegação do sul do AM marcou presença no ATL 2023. Foto: Pure Juma/Coiab

Mais de seis mil indígenas das calhas dos rios Madeira e Purus participaram do 19º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília (DF). Entre os povos estão os Tenharim, Parintintin, Jamamadi, Apurinã, Dijahui e Juma, e as organizações Apij, Opiam, Opiapam, Opiajbam, Focimp, Opiaj, Apitipre e Apitem e, claro, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Com o tema O futuro indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia!, a programação do evento contou mais de 30 atividades, divididas em cinco eixos temáticos: Diga o povo que avance, Aldear a Política, Demarcação Já, Emergência Indígena e Avançaremos. Os eixos contam com plenárias sobre mulheres indígenas, parentes LGBTQIA+, gestão territorial e ambiental de Terras Indígenas, acesso a políticas públicas e povos indígenas em isolamento voluntário. 

O cacique Adamor Mura foi uma das lideranças ouvidas durante as plenárias e falou sobre as invasões que a Terra Indígena Lago Capanã, em Manicoré, tem enfrentado. Segundo ele, os moradores do local já têm dificuldades para acessar os castanhais do território. “Os castanhais do local onde eu moro, estão se transformando em campos de soja e de gado”, relatou. “Hoje, o povo não consegue chegar ao castanhal dele, porque o madeireiro tá lá! Já fizeram três ramais subindo da BR-319, em direção ao [rio] Madeira. Eles soterraram a cabeceira de um rio e isso está causando uma grande seca [no território]”, disse acrescentando que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já foi alertado sobre a situação, mas ainda não deu resposta. 

Até o fechamento desta edição, havia a expectativa de que o presidente Lula (PT) assinasse a homologação de 14 Terras Indígenas (TIs) com processo de criação avançado, na lista constam duas do Amazonas: TI Uneixi, do povo Makoto Tukano; e a TI Acapuri de Cima, do povo Kokama. Durante a programação, de 24 a 28 de abril, aconteceram várias marchas e manifestações pela demarcação de terras. Os povos indígenas também decretaram estado de emergência climática. Além da Coiab, outras organizações membro do OBR-319 participaram do ATL, como IEB, WWF Brasil, Greenpeace Brasil, Opan, WCS e CNS. 

Sobre o ATL 

O ATL é a maior assembleia dos povos e organizações indígenas do Brasil e acontece desde 2004. A mobilização surgiu a partir de uma ocupação realizada por povos indígenas do sul do país, na frente do Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, que recebeu adesão de lideranças e organizações indígenas de outras regiões do país, principalmente das áreas de abrangência da Coiab e da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste e Minas Gerais (APOINME). 

Este texto foi produzido em colaboração com a jornalista Trícia Oliveira, do WWF – Brasil, e com informações do IEB e da Coiab. 

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