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Lideranças indígenas manifestam repúdio à fala de Wilson Lima contra homologação de terra indígena do povo Mura, em Autazes (AM) 

Declaração do governador do Amazonas coloca a população da cidade contra indígenas

Publicado em: 30/06/2023

Toya Manchineri, Coordenador Geral Coiab. Foto: Mitã Xipaya/Coiab

Em coletiva de imprensa realizada no dia 22 de junho, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) repudiou as declarações do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), contra a homologação das Terras Indígenas (TI) Soares-Urucurituba, Paracuhuba e Jauary. Apesar de existir decisão judicial determinando a medida, o território vem sendo alvo de pressões políticas para favorecer a exploração de potássio na região. 

O coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, destacou a falta de diálogo com o governo de Lima. “Não fomos procurados nenhuma vez para dialogar sobre a situação da exploração de potássio no território Mura. O governo não manifesta interesse em conversar com os povos indígenas do estado. O estado do Amazonas deve respeitar o que diz a Constituição. As populações Mura precisam ter direito à consulta livre, prévia e informada”, afirmou. O coordenador da regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Manaus, Emilson Frota Munduruku, reafirmou que o Conselho Indígena Mura também não foi procurado pelo governo e não há diálogo estabelecido. 

“Nós estamos ouvindo, consultando e articulando com as nossas organizações de base. Nós defendemos o direito, o protocolo de consulta e a organização do povo Mura, respeitando a autonomia e o bem viver dos povos indígenas. Nós repudiamos veementemente essa declaração do governador do Amazonas, e dizemos: não abriremos mão de nossos territórios”, declarou o coordenador secretário da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Eliomar Rezende Tukano. 

Durante a 1ª Assembleia Geral dos Governadores da Amazônia Legal, em Cuiabá (MT), o governador afirmou que “o estado [do Amazonas] é totalmente contra [a demarcação]. Vão acabar com a Bacia Leiteira de Autazes e definitivamente com a possibilidade da exploração do potássio e de uma área que a gente não tem conhecimento de população tradicionais indígenas”

O território em questão é ocupado há mais de 200 anos pelo povo Mura, que luta pela homologação da TI já dura 20 anos e enfrenta pressões da empresa Potássio do Brasil, subsidiária do banco comercial canadense Forbes & Manhattan, para exploração mineral no local. Em 2018, os próprios indígenas iniciaram a autodemarcação, processo que resultou na delimitação da TI.


Texto adaptado de notícia publicada no site da Coiab. Leia na íntegra.

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