Entre outubro e dezembro de 2020, moradores de comunidades do Careiro e Manicoré participaram da iniciativa que mostra novas perspectivas sobre inovação na produção rural.

Mais de 50 jovens dos municípios do Careiro Castanho e de Manicoré participaram do curso “Formação de Jovens Rurais”, realizado entre 30 de outubro e 11 de dezembro de 2020. A iniciativa foi promovida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces), em parceria com a Casa do Rio, com o objetivo de fortalecer a autonomia econômica dos jovens através da agroecologia.

O técnico em agropecuária e produtor Moisés Pereira de Oliveira, de 24 anos, é um dos jovens que participou do curso. Desde 2017, ele é um dos entusiastas da agroecologia no Careiro. “Gosto de dizer que precisamos pensar no futuro dos nossos filhos, da humanidade e do planeta, e a única coisa que podemos fazer para garantir isso é plantar agrofloresta”, destaca Moisés, que é morador da comunidade Mamori.

Toda sexta-feira, Moisés comercializa a sua produção nas feiras locais; com a renda, ele investe na sua formação profissional e na qualidade de vida da família sem sair do Careiro. “No Careiro, temos muitos jovens com força de vontade, mas sem oportunidade. Moramos em cima da terra, temos que fazê-la produzir nosso sustento. Assim, muitas portas podem se abrir, como o programa de merenda escolar, as feiras orgânica e agroecológica, além das convencionais”, avalia Oliveira.

A agroecologia é uma prática que respeita os ciclos da floresta e não usa agrotóxicos. O arranjo produtivo destes sistemas também leva em consideração a sociobiodiversidade da floresta e a saúde dos produtores e do consumidor final.

Inovação sem brigar com a terra

Um dos idealizadores do curso “Formação de Jovens Rurais” é o diretor da Casa do Rio, Thiago Cavalli, um dos precursores do incentivo à agroecologia no Careiro. “Mais de 50% da economia do município é movida pela agricultura familiar. Sugeri o curso para que os jovens conheçam a agroecologia e vejam que ela é inovação e uma ferramenta de desenvolvimento local”, explica Thiago.

Para Cavalli, é importante mostrar novas possibilidades de atividade rural em harmonia com o ambiente e a comunidade. “Conhecendo a agroecologia, eles terão acesso a ferramentas que podem promover um processo de inovação e se tornarem vetores de transformação”, avalia Thiago.

Edição 16 – Fevereiro 2021 – Interior em Foco