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Desmatamento

Monitoramento de desmatamento na região de influência da BR-319 – Julho de 2020

Novos municípios da BR-319 entram para a lista dos desmatadores

Humaitá, Lábrea e Manaquiri registraram recorde de desmatamento em julho de 2020, se comparados com o mês de julho entre 2015 e 2020. Nesse mesmo período, municípios que possuíam desmatamento zero passaram a registrá-lo em seus territórios a partir de 2019. Esse é o caso de Autazes, Careiro e Careiro da Várzea.

Autazes, por exemplo, saiu do desmatamento zero para 639 hectares desmatados em julho de 2019, e 564 hectares em julho de 2020. Beruri, que apresentou desmatamento zero em julho de 2016 e 2017, e valores muito baixos em julho de 2018 e 2019 (4,9 e 3,55 ha, respectivamente), apresentou 187 hectares desmatados em julho de 2020, um aumento de mais de 5.000% em relação ao ano anterior. Borba atingiu desmatamento zero em julho de 2015, 2016 e 2017, mas começou a apresentar valores de desmatamento a partir de 2018. Já Manaquiri, apresentou desmatamento zero em 2016, 2017 e 2018 e voltou a apresentar desmatamento em 2019 e 2020.

“É preocupante observar o avanço do desmatamento no AM, 23% do total desmatado na Amazônia Legal, um estado que historicamente não tem altos índices. Municípios como Boca do Acre e Lábrea estão muito próximos da fronteira de expansão do agronegócio. Tudo indica que seja resultado de apropriação de terras públicas”, diz Carlos Souza Jr., coordenador do programa de monitoramento do Imazon.

Ele enfatiza sua preocupação com o desmatamento em áreas protegidas nos municípios de influência da BR-319, em julho de 2020, que atingiu 23, das 42 unidades de conservação monitoradas pelo Observatório da BR-319 (55%). A Resex Jaci Paraná liderou o ranking das UCs, com 1.232 hectares desmatados, seguidas pelo Parna dos Campos Amazônicos (148 ha) e Flona do Bom Futuro (135 ha), as mesmas que lideraram o ranking do mês anterior.

“Os dados estão aí, o que não falta são alertas e sistemas de inteligência de controle para identificar áreas críticas. Precisamos de um olhar governamental que contemple um modelo sustentável de desenvolvimento, já que, com a possibilidade de repavimentação da BR-319, cria-se uma corrida de especulação fundiária”, salienta Souza.

As informações de desmatamento foram adquiridas do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que utiliza imagens SAR da missão Sentinel-1 (https://imazongeo.org.br/#/). No mapa, estão representadas em pontos as localizações das áreas em que houve desmatamento.

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