Monitoramentos

Desmatamento

Monitoramento de desmatamento na região de influência da BR-319 – Janeiro a Dezembro de 2020

Retrospectiva 2020

A Amazônia Legal perdeu 812.176 hectares (ha) de floresta em 2020. Dezessete por cento desse desmatamento ocorreram no estado do Amazonas (139.503 ha), 13% em Rondônia (105.096 ha) e 14% no conjunto dos 13 municípios que estão sob influência da BR-319 (111.685 ha). O Amazonas foi o segundo estado que mais desmatou da Amazônia Legal e, Rondônia, o 4º, segundo o Boletim do Imazon. Agosto foi o mês de maior desmatamento tanto para a Amazônia Legal quanto para o Amazonas, Rondônia e os 13 municípios da BR-319.

Sobre os municípios da BR-319, Porto Velho (42.946 ha) representou 40% do total desmatado em todo estado de Rondônia, em 2020. Já o desmatamento nos outros 12 municípios (96.556 ha) que pertencem ao Amazonas representou 69% de todo desmatamento nesse estado. Isso mostra a grande influência da dinâmica dos 13 municípios da BR-319 nas taxas de desmatamento de Rondônia e do Amazonas.

O ano de 2020 foi marcado por diversos recordes de desmatamento na Amazônia Legal:

  • 2020 foi o ano que apresentou o maior desmatamento na Amazônia Legal dos últimos 11 anos (2010-2020), com um aumento de 30% em relação a 2019; o segundo ano com maior desmatamento da série histórica.
  • Os estados do Amazonas e Rondônia e os 13 municípios da BR-319 também bateram o recorde de desmatamento dos últimos 11 anos, em 2020. O aumento em relação a 2019 foi de 32%, 23% e 42%, respectivamente.
  • Ao longo de 2020, dois municípios se revezaram na liderança do ranking de desmatamento entre os 13 municípios da BR-319: Porto Velho e Lábrea. Porto Velho esteve à frente em sete meses: abril, junho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, e foi o município que mais desmatou (42.496 ha). Lábrea liderou em janeiro, fevereiro, março, maio e julho, e foi o segundo município que mais desmatou (37.230 ha).
  • Se somados, o desmatamento em Porto Velho e Lábrea representaram 72% de todo desmatamento nos 13 municípios da BR-319. Já a soma do desmatamento de Porto Velho ao dos municípios do sul do Amazonas que integram esse monitoramento (Lábrea, Humaitá, Manicoré e Canutama), representa um total de 93% de tudo que foi desmatado nos 13 municípios em 2020.
  • Todos os municípios da BR-319 bateram pelo menos dois recordes de desmatamento ao longo de 2020: Autazes, Careiro, Humaitá e Lábrea bateram recorde de desmatamento, considerando os 11 anos da série histórica, em sete meses; Manaquiri e Tapauá, em seis; Borba e Porto Velho, em cinco; Manicoré, em quatro; Beruri, Careiro da Várzea e Manaus, em três e Canutama, em dois meses.
  • Porto Velho, Lábrea e Humaitá fizeram parte da lista dos 10 municípios que mais desmataram na Amazônia Legal, em 2020. Porto Velho integrou a lista em quase todos os meses do ano, com exceção de fevereiro, e Lábrea só não apareceu na lista em outubro e dezembro. Além disso, Porto Velho ficou em primeiro lugar como o município que mais desmatou da Amazônia Legal entre os 772 existentes, nos meses de agosto e outubro. Humaitá apareceu na 9ª colocação, em maio.

Áreas Protegidas:

  • Foram desmatados 9.849 ha nas 42 Unidades de Conservação (UC) monitoradas pelo OBR-319, em 2020. A Reserva Extrativista Jaci-Paraná liderou o ranking de desmatamento em quase todos os meses do ano, com exceção de fevereiro e março. Com 7.203 ha de áreas desmatadas, essa UC representou 73% do total desmatado nas 42 UCs, em 2020.
  • Quatro UCs apareceram na lista das que mais desmataram entre todas as UCs da Amazônia Legal, em 2020: a Resex Jaci-Paraná não integrou a lista apenas em janeiro e fevereiro; a Fers do Rio Madeira (B) apareceu em dezembro; o Parna Mapinguari, em março e a Flona do Bom Futuro, em janeiro.
  • Em 2020, 1.810 ha foram desmatados nas 69 Terras Indígenas (TI) monitoradas pelo OBR-319. A TI Karipuna foi a que apresentou mais área desmatada (526 ha). Isso representa 29% do total desmatado nas TIs monitoradas. Além disso, esta TI liderou o ranking por mais tempo: durante seis meses de 2020.
  • A TI Karipuna integrou, em três meses de 2020, a lista das TIs mais desmatadas da Amazônia Legal. Já as TIs Deni e Sapoti apareceram em um mês cada.

Considerações e recomendações do OBR-319

  • O avanço do desmatamento no Amazonas em 2020 foi considerado um diferencial para o pesquisador do Imazon, Antônio Vitor Fonseca, em entrevista concedida ao G1. Nesse ano, o Amazonas ficou em segundo lugar no ranking de desmatamento dos estados da Amazônia Legal, quando, geralmente, os estados que lideram o ranking são o Pará e o Mato Grosso.
  • 2020 foi o ano de maior desmatamento dos últimos 11 anos para as quatro regiões analisadas nesse informativo: Amazônia Legal, Amazonas, Rondônia e municípios da BR-319. 2019 ficou em segundo lugar e, 2018, em terceiro, para todas as regiões, indicando um aumento crescente do desmatamento nos últimos três anos.
  • É necessário olhar com atenção para o desmatamento nos municípios ao sul da rodovia BR-319: Porto Velho, Lábrea, Humaitá, Manicoré e Canutama. Juntos, eles representaram 93% de tudo o que foi desmatado nos 13 municípios sob influência dessa rodovia, em 2020.
  • O alto número de recordes batidos pelos municípios da BR-319 indica que até mesmo os que historicamente possuem baixos índices de desmatamento estão modificando seu comportamento em relação à floresta. É necessário que o estado esteja presente, tanto para fiscalizar o desmatamento ilegal na região, quanto para proporcionar alternativas econômicas mais sustentáveis e apoiar economicamente as atividades que preservem a floresta.
  • Em relação às Áreas Protegidas, é importante destacar os altos índices de desmatamento da Resex Jaci-Paraná, que muitas vezes ultrapassa os valores de municípios da BR-319.
  • O processo de licenciamento da BR-319 está em curso e os números para essa região não são bons. Os dados mostram que o desmatamento vem crescendo nos últimos anos e que alguns municípios, Unidades de Conservação e Terras Indígenas da região estão entre os que mais desmatam de toda a Amazônia Legal. Por isso, também é necessário que a pasta de conservação e desenvolvimento sustentável passe a integrar a gestão dos governos dos municípios da BR-319 e dos estados do Amazonas e de Rondônia, com mais recursos humanos e financeiros.

As informações de desmatamento foram adquiridas do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que utiliza imagens SAR da missão Sentinel-1 (https://imazongeo.org.br/#/). No mapa, estão representadas em pontos as localizações das áreas em que houve desmatamento.

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