Monitoramentos

Focos de Calor

Monitoramento de focos de calor na região de influência da BR-319 – Janeiro a Dezembro de 2020

Retrospectiva 2020

Em 2020, foram detectados 150.784 focos de calor na Amazônia Legal, sendo 16.729 no Amazonas (11%); 11.145 em Rondônia (7%) e 9.793 nos municípios da BR-319 (6%). Agosto e setembro foram os meses com maior detecção de focos de calor do ano, que, somados, representaram 60% do total de focos de calor da Amazônia Legal; 74% do Amazonas; 65% de Rondônia e 79% dos municípios da BR-319.

O ano de 2020 foi marcado por recordes negativos:

  • O estado do Amazonas apresentou o maior número de focos de calor da região desde 2010, ano de início da série histórica do informativo;
  • Os municípios da BR-319, somados, também tiveram em 2020 o maior número de focos de calor desde 2010;
  • Onze dos 13 municípios da BR-319, tiveram algum recorde mensal ultrapassado em 2020, com destaque para Borba, Humaitá e Lábrea, que bateram seus recordes em quatro meses do ano. Apenas Careiro e Manaus não estão nessa lista;
  • Entre os municípios da BR-319, Porto Velho foi o que ficou mais vezes em primeiro lugar em número de focos de calor, alcançando a primeira posição do ranking em nove meses de 2020: fevereiro, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro;
  • Porto Velho esteve quatro vezes entre os 10 municípios com mais focos de calor no mês, dentre os 772 municípios da Amazônia Legal: agosto (7º), setembro (5º), outubro (3º) e novembro (9º). Lábrea ficou em 8º lugar em agosto e em 9º lugar em setembro. Manicoré ficou em 6º lugar no mês de julho.

Áreas Protegidas:

  • A Reserva Extrativista Jaci-Paraná, em Rondônia, foi a Unidade de Conservação com maior número de focos de calor no ano. Sozinha, ela representou 62% do total registrado para as 42 UCs monitoradas. Somente em agosto e setembro a UC registrou 88% dos seus focos de calor em 2020.
  • A Terra Indígena (TI) Karipuna teve o maior número de focos de calor no ano, com 15% do total registrado para as 69 TIs monitoradas.

Considerações e recomendações do OBR-319

  • Apesar da curva de focos de calor dos municípios da BR-319 ter seguido em 2020 o padrão conhecido, onde os meses mais secos concentram os focos de calor, os recordes batidos pelos municípios da BR-319 ao longo dos meses indicam que práticas ilegais de uso do fogo estão aumentando na região.
  • É importante lembrar que agosto de 2019 bateu o recorde de focos de calor nos 13 municípios da BR-319 (5.190 focos), considerando a série histórica para esse mês, o que pode ter sido influenciado pelo “Dia do Fogo”, 10 de agosto de 2019, onde produtores rurais teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar áreas florestais da Amazônia. Seguindo essa tendência, a soma dos focos de calor dos municípios da BR-319, em agosto de 2020, foi o segundo maior da série histórica, com 4.710 focos.
  • Lembramos também, que em 15 de julho de 2020, foi publicado pelo governo federal o Decreto nº 10.424, ou a “Moratória do Fogo”, que suspendeu o uso do fogo nos biomas Amazônia e Pantanal por 120 dias. Apesar disso, os dados apontam que os meses subsequentes, agosto e setembro, além de não terem apresentado diminuição do número de focos de calor, apresentaram os maiores números do ano para a Amazônia Legal, Amazonas, Rondônia e municípios da BR-319.
  • Em 2020, municípios que historicamente apresentavam poucos focos de calor obtiveram seus maiores valores dos últimos anos, como os que Autazes, Beruri, Borba, Careiro da Várzea e Tapauá apresentaram no mês de julho (ver Informativo nº11). Isso pode indicar uma mudança de comportamento dos mesmos em relação ao uso do fogo.
  • Outro importante foco de atenção é o grupo dos municípios da BR-319 que integraram em vários meses a lista dos municípios com mais focos de calor entre os 772 municípios da Amazônia Legal: Porto Velho, Lábrea e Manicoré, que geralmente integram as primeiras posições do ranking de focos de calor dos municípios da BR-319.
  • Desse modo, esse informativo pede atenção e ações efetivas dos órgãos fiscalizadores responsáveis e dos gestores municipais e estaduais, principalmente nos meses mais secos (julho – outubro), para que o uso do fogo de forma ilegal, tão nocivo para a floresta e para a população dos municípios da BR-319, não aumente ainda mais em 2021.

Os dados de focos de calor apresentados nesse Boletim foram adquiridos do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (www.inpe.br/ queimadas/bdqueimadas).

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