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União como estratégia do agricultor familiar para driblar a crise

Publicado em: 02/11/2022

Visão aérea da sede do município de Careiro. Foto: Reprodução/Amazonastur

Mais de 140 mil pessoas nos municípios de Careiro da Várzea, Autazes, Careiro e Manaquiri foram impactadas pela queda das duas pontes na BR-319. A situação virou de pernas para o ar a rotina de quem dependia da rodovia, principalmente, para atividades comerciais. Quem não está em situação tão complicada são os agricultores que não dependem tanto de frete por caminhão e balsa para vender sua produção, pois têm as atividades voltadas para comunidades vizinhas e feiras municipais.

Nilcinha de Jesus Amaral Ferreira, agricultora e vice-presidente da Associação Comunitária e de Protutores Rurais Santo Antônio, do Lago do Mamori, conta que a vida na sua comunidade não está tão impactada como a de quem vive na cidade. “Aqui, na zona rural, não estamos em maior risco, porque a gente produz, cria e pesca. Faltam as misturas, mas o caboclo do interior tendo a farinha, pra ele tá perfeito”, relatou. “Nossa produção é diferenciada”, diz ela comparando a produção do agricultor familiar de baixa escala com produções maiores, que necessitam de uma logística mais robusta. “Na minha família, por exemplo, o carro-chefe das vendas é o gengibre e a cúrcuma, temos verduras, mas é pouco, só bastante para o nosso consumo. Por isso, não precisamos de uma estrutura muito grande pra vender e entregar nossa produção”, acrescentou.

“O frete está muito caro. Tivemos uma entrega e aproveitei pra ver se o comprador queria mais. Você paga frete, paga carregador, paga mais frete, enfim, quase que eu troco dinheiro por dinheiro”, disse. O que evita que Nilcinha e seus vizinhos passem fome é a solidariedade e a produção que as famílias mantêm, usando do conhecimento tradicional e a agroecologia. “A gente tem peixe, então fazemos aquela panelada. Incrementamos com milharina, batata e macaxeira. Aqui a gente não amanhece comprando pão, pois comemos mingau, batata, cará. Se não tiver, a gente faz bolinho de cruieira, de farinha, se não tem nada disso, fazemos um peixe assado e tomamos o café da manhã”, contou.

Nilcinha diz que está dando para sobreviver. “O ruim é que está tudo caro! O dinheiro está pouco e as coisas estão muito caras. Não tem leite líquido em caixa, leite em pó e farelo pra ração animal. Algumas prateleiras já estão vazias. Se eu fosse um comerciante, estaria em situação pior, mas como sou uma agricultora, estamos trocando mamão, maxixe, abóbora, caju, macaxeira e outros alimentos entre nós, produtores, porque é assim que nós fazemos”, relatou. Ela conta que serviços públicos como a assistência em saúde estão dentro da normalidade por causa da secretaria municipal de saúde, só quem precisa de atendimento mais complexo, que só tem em Manaus, está afetado.

Ainda segundo Nilcinha, a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) vai comprar banana, macaxeira e hortaliças dela e outros produtores do Lago do Mamori.

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