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Tragédia no Careiro 

Publicado em: 30/09/2022

Local afetado pelo desabamento da ponte interditado pela PRF. Foto: Junio Matos/Cedida

Eram por volta de 7h da quarta-feira, dia 28, quando a Ponte Curuçá, sobre o rio de mesmo nome desabou. Testemunhas relataram à imprensa que sentiram uma vibração e a estrutura caiu de maneira muito rápida. Doze veículos, sendo pelo menos um caminhão, passavam sobre a ponte no momento do acidente que provocou, até o fechamento desta edição, pelo menos quatro mortes, número que pode aumentar, pois até 15 pessoas estão desaparecidas. Outras 14 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para capital aos Hospitais e 28 de Agosto e Platão Araújo, e para o Hospital Deoclécio dos Santos, em Careiro. O acidente interditou totalmente o tráfego no km 25 da BR-319, no município do Careiro, que tem quase 40 mil habitantes e fica a 102 quilômetros de Manaus.  

Quem transita pelo local com frequência diz que foi uma tragédia anunciada e, de fato, a ponte estava parcialmente interditada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) desde a tarde do dia 26, pois a galeria que fica às margens de um dos lados da ponte estava em risco de ceder. Imagens que circularam na Internet após o acidente mostram buracos no chão de barro, alguns com tábuas para permitir o acesso de carros leves.

Imagem aérea do local onde a ponte desabou. Foto: Bruno Kelly/Reuters/Agência Brasil

“Eu cheguei ao local por volta de 9h30 e me deparei com a ponte destruída. Os carros estavam submersos e a equipe do Corpo de Bombeiros estava trabalhando, procurando vítimas. Os familiares também estavam no local em busca de informações, em desespero”, contou o fotógrafo do Portal A Crítica, Junio Matos. “Após o meio-dia, a PRF interditou o local e não deixou mais ninguém ter acesso ao que restou da ponte”, acrescentou. 

Quarenta homens do Corpo de Bombeiros, incluindo mergulhadores, foram deslocados ao local para o resgate de vítimas. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) criou um gabinete de crise para integrar as ações dos órgãos estaduais e federais envolvidos no resgate. 

De acordo com reportagem do Portal A Crítica com informações do Portal da Transparência do Governo Federal, a empresa a AGO Engenharia de Obras, seria a responsável pelos serviços de recuperação da rodovia na área que abrange a ponte sobre o rio Curuçá. “Contrato firmado sem licitação pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), de quase R$ 34 milhões, prevê serviços emergenciais de recuperação e erosões na BR-319, do Km 13 ao Km 174”, diz a reportagem. 

O OBR-319 procurou o Dnit em Brasília e a superintendência no Amazonas para saber em que ano a ponte foi construída e quando recebeu a última manutenção, mas até a publicação desta edição não obtivemos retorno. 

Enquanto isso o clima na cidade é “de tristeza e ao mesmo tempo revolta”, como conta a comunicadora e apresentadora da Rádio Floresta, Fran Araújo. Ela conhecia uma das pessoas que morreu no acidente. “Mas tem muita gente que conhece, era ou é amigo de alguém envolvido na tragédia. É como se todos nós tivéssemos com os mesmos sentimentos”, disse. “Desde a enchente do ano passado, a BR-319 está caindo e não tem um reparo eficaz nisso. Existem muito trechos em que a rodovia está cedendo e o trabalho de manutenção é lento e fraco. Se nada mudar, mais pessoas serão prejudicadas. Na verdade, somos prejudicados desde quando a BR-319 foi abandonada, há mais de 20 anos”, conclui Fran. 

O OBR-319 lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com os parentes das vítimas e moradores das comunidades que dependem da rodovia para o tráfego. O coletivo reforça que permanece vigilante para que providências sejam tomadas o mais urgente possível em prol das vítimas, e que tenhamos um debate mais profundo envolvendo as comunidades e autoridades sobre o futuro da região. 

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