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Programa de pesquisas ecológicas no sudoeste do Amazonas reativa bases de estudos na BR-319  

Publicado em: 30/09/2022

Base de pesquisa PELD sudoeste do AM na BR-319. Foto: Sergio Santorelli Junior/Cedida

Por Sergio Santorelli Junior¹ e outros² 

Tudo na vida muda ao longo do tempo, e um dos objetivos dos Programas de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) é entender como, onde e por quê. O PELD no Sudoeste do Amazonas (PELD PSAM), está localizado numa área de transição entre a Amazônia e o Cerrado, e oferece oportunidades para entender processos ecológicos essenciais para a manutenção destes biomas. Porém, essa área também é considerada uma das regiões de maior preocupação ambiental, uma vez que está na área de influência da polêmica rodovia BR-319. 

Atualmente, a rodovia se encontra em péssima condição de tráfego e não está adequada para um trânsito intensivo. No entanto, planos de recuperação da estrada preocupam os ambientalistas, pois facilitaria o acesso à região e poderia gerar um aumento expressivo do desmatamento em locais que estão fora das unidades de conservação, ameaçando as florestas que abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta. 

Um dos principais objetivos do PELD PSAM é integrar informações biológicas de diferentes espécies que possam subsidiar a elaboração de políticas públicas locais e nacionais, além de estimular a troca de conhecimentos sobre a biodiversidade com a sociedade e contribuir para o desenvolvimento sustentável do País. 

Porém, para atingir o nosso principal objetivo, precisamos recuperar a infraestrutura de campo que foi instalada no passado pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade na Amazônia Ocidental (PPBio-AmOc) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (INCT-CENBAM), entre 2004 e 2006. Esse processo foi iniciado em julho de 2022. Com a infraestrutura recuperada, estaremos novamente preparados para desenvolver novos estudos e até descobrir novas espécies. 

Algumas espécies foram recentemente descritas na região da BR-319, e devem existir ainda muitas outras desconhecidas. Além disso, poderemos também avaliar qual será o efeito da rodovia em vários organismos, como sapos, morcegos, cobras, lagartos, aves, abelhas, formigas, borboletas, peixes e muitos outros. Com essas informações, poderemos entender como os processos naturais que afetam a biodiversidade mudam de um local para outro e de tempos em tempos; informações essenciais para explorar e conservar a região.

Sergio Santorelli Junior realiza pesquisas na BR-319 e atua na Ufam de Humaitá. Foto: Sergio Santorelli Junior/Cedida

¹Sergio Santorelli Junior é doutor em Ciências Biológicas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e, atualmente, está vinculado à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no Campus Humaitá, através do Programa de Fixação de Recursos Humanos no Interior do Estado (FAPEAM / PROFIX-RH Edital 009/2021). 

²Tainara Sobroza (Inpa), Mariel Acacio de Lim (Ufam Campus Humaitá), João Araújo (Inpa), Marcelo dos Anjos (Ufam Campus Humaitá), Jeissy Santana (Ufam Campus Humaitá) e William Magnusson (Inpa), Coordenador do PELD PSAM. 

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